Em anúncio feito no dia 2 de março, o Google, que divulgou a lista das principais buscas de 2020, alegou que não vai mais realizar o rastreamento do histórico pessoal dos usuários para realizar a venda de anúncios. Esse tipo de rastreio serve para identificar os gostos pessoais de cada usuário, fazendo com que sejam usados anúncios de produtos mais direcionados a cada um, aumentando, assim, a possibilidade de compra.
Essa decisão tem como justificativa uma maior privacidade na internet, prezada pela empresa. Além disso, também foi divulgado que outras maneiras de realizar publicidade direcionada serão avaliadas.
Uma pesquisa, realizada pelo Pew Research Center, mostrou que 72% das pessoas têm a impressão de estarem sendo rastreadas enquanto navegam na internet. Tal pesquisa foi relembrada pelo Google em seu blog oficial. A empresa ainda acrescenta que não está mais oferecendo tanto suporte para cookies (dados guardados pelo navegador a partir dos sites visitados) de terceiros, os quais podem localizar dados mais sensíveis.
Tal atitude da empresa leva em consideração uma internet aberta e livre, em que a privacidade dos usuários é preservada. Esses cookies serão substituídos por outros identificadores. Outras empresas, como o Firefox e a Apple, também se posicionam contra o uso dos cookies de terceiros.
É importante ressaltar que esse tipo de rastreamento, que leva em consideração a individualidade do usuário, sofre críticas por especialistas que lutam a favor da privacidade, além de ser citado na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
O que os números mostram
A publicidade no ambiente digital é, atualmente, uma das principais fontes de renda do Google. No quarto trimestre do último ano, o mercado publicitário rendeu à empresa US$ 45,2 bilhões. Esse número representa cerca de 82% do faturamento total da empresa.
Novos caminhos
Levando em consideração a preservação da intimidade das pessoas, o Google revelou que ferramentas novas estão em fase de desenvolvimento. Tais ferramentas irão manter a estrutura financeira da publicidade em ambiente digital, porém serão priorizados grupos de indivíduos que compartilham interesses em comum, para que, assim, as individualidades não sejam feridas ou expostas.
Esse mecanismo vai funcionar de forma que os indivíduos consigam se “esconder” em meio aos grandes grupos de outras pessoas com gostos parecidos. O Google Chrome, por exemplo, dará início a uma fase de testes a partir de abril deste ano. Os recursos serão melhorados a partir do retorno dado pelos usuários. O Google também lançou o Chrome 88, nova versão do seu navegador.
O que não muda
A atitude do Google não vai alterar a forma com que a empresa age em relação aos dados proprietários, ou seja, os dados que são enviados à empresa pelos próprios usuários, que não possuem uma troca informacional.
Assim, se um anunciante mostrar um conteúdo publicitário para determinado usuário e utilizar, por exemplo, o e-mail do internauta para encontrá-lo, nada vai ser alterado. O que muda é o fato de que tal anúncio não será apresentado quando o usuário estiver visitando outros sites. A mudança não se aplica também aos smartphones, apenas aos sites acessados por meio de computadores.
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