Grandes marcas boicotam Facebook e Instagram e participam de movimento que defende a extinção do discurso de ódio
No mercado de marketing, somos constantemente bombardeados com a importância de atingir um público que passa, pelo menos no Brasil, mais de 225 minutos por dia nas redes sociais, principalmente no YouTube, Facebook e Instagram, de acordo com a pesquisa Understanding Social Media Around The World feita pela GlobalWebIndex.
Porém, com a grande preocupação da sustentabilidade social das empresas, muitos boicotes têm ocorrido nas redes sociais em prol da proteção dos consumidores e de uma geração de empresas mais comprometidas socialmente.
No início deste mês de julho, nos deparamos com um boicote significativo de grandes anunciantes ao Facebook e ao Instagram, que começou pelos Estados Unidos e se estendeu a outros países, inclusive o Brasil.
Grandes marcas, como Coca-Cola, Microsoft, Unilever, Volkswagen, Adidas e Heineken, pararam de exibir anúncios nas redes sociais que têm o famoso Mark Zuckerberg como dono.
O nome desse movimento chama-se Stop Hate for Profit, que, em tradução livre para o português, quer dizer: “pare de dar lucro ao ódio”. Esse movimento pede maior rigor das empresas quanto à exclusão e fiscalização de conteúdos de ódio publicados em plataformas de mídias sociais. Atualmente, o movimento reúne mais de 240 marcas e defende a extinção do racismo na internet.
Para uma melhor compreensão, cabe dizer que o Facebook conta com os seguintes ganhos financeiros atualmente:
- Cerca de 98% de sua receita são gerados por meio de anúncios;
- No primeiro trimestre de 2020, o investimento em anúncios chegou aos US$ 17,4 bilhões.
Com a saída de grandes players do mercado, espera-se que as empresas de Zuckerberg sofram grandes impactos financeiros gerados pelo boicote.
Por sinal, você conhece os usos das redes sociais no Brasil?
Segundo a pesquisa Understanding Social Media Around The World, o Brasil está em segundo lugar em relação ao uso de redes sociais no mundo, perdendo apenas para as Filipinas.
Ainda de acordo com a pesquisa:
- 54% das pessoas entrevistadas na América Latina (isso inclui o Brasil) utilizam as redes sociais para notícias; 50%, para entretenimento; e 47%, para compras.
- Enquanto isso, 66% dos usuários seguem pessoas que conhecem na vida real; 51%, marcas e empresas de que gostam; e 49% seguem músicos, bandas ou cantores.
O funil de conversão funciona da seguinte forma, segundo a pesquisa:
- Primeiro momento | Descoberta da empresa:
- 40% por anúncios feitos nas redes sociais;
- 35% nas recomendações;
- 24% em atualizações das empresas nas redes sociais.
- Segundo momento | Pesquisa sobre produtos/marcas:
- 60% das pesquisas são feitas nas redes sociais;
- 9% são feitas em microblogs (Exemplo: Twitter);
- 11% são feitas em mensagens (Exemplo: Facebook Messenger).
- Terceiro e último momento | Informações que influenciam a compra:
- 24% disseram que muitos engajamentos (likes ou comentários positivos) influenciam a compra;
- 17% indicaram que a compra é influenciada pela conversa em aplicativo de mensagens;
- 10% disseram que um botão de “comprar” direto nas redes sociais influenciou diretamente a compra.
Com os números apresentados, podemos observar a importância dos anúncios nas redes sociais, já que 40% das pessoas tomaram conhecimento acerca das empresas por meio dos anúncios, o que torna esse canal de publicidade online importante para a geração de novos negócios. Porém, não tão importante a ponto de arriscar a reputação de marca, já que grandes empresas estão, atualmente, boicotando anúncios em redes sociais como o Facebook.
60% das pesquisas sobre marcas/produtos são feitas através das redes sociais, com 24% de influência nos engajamentos positivos. Isso demonstra que o fator “reputação” é de extrema importância na jornada de compra do cliente.
Com movimentos sendo levantados contra o discurso de ódio presente em diversas redes sociais, os consumidores se tornam mais conscientes da sustentabilidade social e, proporcionalmente, cobram mais posicionamentos das empresas.
Uma empresa que queira sobreviver no mercado precisa, obrigatoriamente, se adaptar ao seu mercado e, principalmente, aos seus consumidores. As empresas que estão dentro do boicote às redes sociais de Mark Zuckerberg não são pequenas e reforçam a necessidade de mudanças por parte dos canais de anúncios.
Se não houver mudanças no alvo desses movimentos, a tendência é que cada vez mais empresas e marcas deixem de anunciar nelas.
Seria, então, o fim dos anúncios nas redes sociais?
Referências deste post:
Matéria: Brasil é “vice” em tempo gasto em redes em ranking dominado por “emergentes”
Movimento: Stop hate for profit
Pesquisa: Understanding social media around the world | GlobalWebIndex